A versão beta do Habbo 2020 entrou no ar há poucas semanas e, desde então, muitas críticas têm surgido quanto a jogabilidade e alguns dos novos mecanismos implementados nesta versão. Pelas redes sociais, muitos usuários aderiram à campanha #SaveHabbo, convocando protestos em várias comunidades e exigindo mudanças na maneira com a qual a nova plataforma tem sido desenvolvida. Dentre as pautas defendidas pelo coletivo, encontra-se uma forte rejeição ao “cofre” e as taxas cobradas para gerar moedas dentro do Hotel. Vale lembrar que em 2010 algo semelhante já havia ocorrido, quanto então o preço dos câmbios sofreu o aumento de 1c para cada moeda gerada, causando grande insatisfação por parte dos jogadores, sobretudo, aqueles habituados a adquirir créditos e participar de negociações dentro do jogo.

Muito se questiona a política de lucros da Sulake e a forma como vem conduzindo o Habbo ao longo dos últimos anos. Se sabe, por exemplo, que um dos motivos que levaram o fim dos moderadores foi uma estratégia para economizar recursos da empresa. Por outro lado, muitas dessas decisões foram diretamente responsáveis pelo declínio do número de acessos no Hotel, mas não afetou — como muitos acreditam — os ganhos econômicos auferidos pela Sulake neste período. Segundo os dados mais recentes, em 2019 a Sulake teve um lucro de 17,5 milhões de euros que correspondem, em números atuais, a um valor estimado de 111,8 milhões de reais — o segundo maior de sua história, sendo inferior apenas aos valores referentes ao ano de 2018, quando a empresa alcançou a incrível marca dos 19,7 milhões de euros.

Não se explica, portanto, o porquê a Sulake ainda insiste em aplicar novas taxas e encarecer cada vez mais a economia do jogo. Também não se explica como um jogo que passou por tantas complicações na última década continua sendo tão lucrativo, mesmo com a diminuição crescente do número de usuários ativos. A resposta, talvez, seja a compensação da saída de usuários pelo aumento de preços e cortes de gastos. Entre 2015 e 2019 a Sulake diminuiu em 100% as suas despesas com pessoal, ao passo que seus lucros subiram 222% no mesmo intervalo. Ou seja, enquanto a maioria dos jogadores se dizem insatisfeitos com rumos do Habbo Hotel, a Sulake parece surfar acima da maré, ganhando cada vez mais e oferecendo cada vez menos.

Depois das taxas sobre câmbios e o “cofre”, o Habbo 2020 trouxe ainda consigo uma alteração nas compras do catálogo. Antes, ao adquirir várias unidades de uma mobília, os usuários recebiam progressivamente uma determinada quantidade de itens grátis por aquela compra. Com a última atualização, os usuários ainda podem ganhar itens extras, mas pagando muito mais caro por isso.

Habbo Antigo
Itens comprados (1c)	Preço pago	Itens ganhos	Preço efetivo (%)
1	1c	0	100%
6	5c	1	83,3%
12	9c	3	75%
18	13c	5	72,2%
24	17c	7	70,8%
30	21c	9	70%
36	25c	11	69,4%
42	28c	14	66,6%
48	32c	16	66,6%
54	36c	18	66,6%
96	64c	32	66,6%
99	66c	33	66,6%

Habbo 2020
Itens comprados (1c)	Preço pago	Itens ganhos	Preço efetivo (%)
1	1c	0	100%
7	7c	1	85,7%
13	13c	2	84,6%
15	15c	3	80%
21	21c	4	80,9%
23	23c	5	78,2%
29	29c	6	79,3%
31	31c	7	77,4%
37	37c	8	78,3%
39	39c	9	76,9%
130	130c	32	75,3%
132	132c	33	75%

Como fica claro a partir das projeções acima, com as mudanças no sistema de compras, houve a introdução de um imposto adicional de 10% na compra de vários mobis, o que significa que os usuários irão pagar mais do que pagavam antes, apesar de receberem a mesma quantidade de itens extras que já recebiam pagando menos. Esta é a incrível oferta da Sulake: pague mais e ganhe o mesmo. Que venha o Habbo 2020 e um novo ano com muitos lucros para a Sulake e menos benefícios para os usuários.

Créditos: Habbo-Happy

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