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Culto à magreza e o renascimento da moda 2000s: tendência ou precipício?
Colunas

Nos últimos dois anos, a indústria tem trabalhado em torno de retornar a estética visual dos anos 2000, trazendo à tona uma questão preocupante sobre corpos e pluralidade.

A exacerbação de corpos extremamentes magros a comportamentos bulímicos e anorexos, pra atingir um padrão de beleza quase "inalcançável", colocando em rísco toda uma geração mais juvenil que busca seguir a alta moda imposta através de redes sociais e aplicativos musicais.

Apesar da magreza nunca ter deixado de ser o padrão de beleza, esse movimento traz a pauta sobre a aceitação de corpos plurais e a moda inclusiva, chamando a atenção de ativistas da moda, profissionais da área da saúde e ativistas de positividade corporal, que temem um retrocesso em relação a como homens e mulheres enxergam os seus corpos.

É notável que algumas artistas do cenário musical se adaptaram para a propagação do retorno da moda 2000, podemos citar algumas das mais influentes dos últimos tempos como, Doja Cat, Megan Thee Stallion, Dua Lipa e até mesmo Kim Kardashian. Apesar de uma "nova" proposta para o rumo que a indústria da moda está tomando, não é algo que fosse inimaginável acontecer. 

Há cada 20 anos existe uma releitura e adaptação no mercado da moda o qual chamamos de "o ciclo dos 20 anos", portanto são revisitadas e reformuladas as estéticas visuais mais influentes há cada 20 anos; porque as gerações se renovam e o fator nostalgia cria uma visão romantizada das lembranças de infância da geração atual.

Vale ressaltar que à magreza nunca saiu de moda, desde os anos 90 (quando começou uma estética de magreza extrema associada ao uso de entorpecentes), o corpo esbelto nunca deixou de ser uma referência. Isso gerou um descontentamento em diversas pessoas insatisfeitas e alimentou ainda mais a industria de dietas restritivas, que podem gerar um gatilho importante para o desenvolvimento de distúrbios alimentares e comportamentos impulsivos, em crianças, adolescente e até mesmo adultos.

Recentemente, após pressão sobre diversidade de corpos e inclusão, algumas grifes se sentiram pressionadas a incluir modelos maiores em seus vestiários e passarelas, trazendo assim uma visão mais realista sobre corpos na sociedade. Mesmo assim, em muitos casos, esse debate parece ser incorporado muito mais por uma questão publicitária.

Um exemplo da inclusão que as grifes vem se adaptando a um padrão mais desconstruídos, é a cantora francesa Yseult, porta-voz da L'Oréal Paris, que se rebela contra os tabus que ainda restringem o sistema e reivindica seu espaço.


Yseult, em um macacão Mugler, no Le Défile de L'Oréal Paris em outubro de 2020.

Um outro exemplo é a capa da revista "ID", onde a modelo plus size Paloma Elsesser, usando uma minissaia de cintura baixa da grife Miu Miu, que é uma difusão da conceituada Prada. O que falta em tecido na peça, fenômeno da moda no primeiro semestre de 2022, sobra em inspiração nos anos 2000.

A capa surpreendeu por quebrar padrões é associado a esse tipo de peça, mas Miu Miu acabou sendo criticada porque, na loja, para os consumidores, só vende minissaia até o tamanho 46. O progresso da moda acontece de maneira muito lenta, e as marcas estão atentas a isso, principalmente no mercado de luxo. Nele, há a questão da exclusividade e as grifes se apoiam no discurso de que não têm consumidores de tamanhos maiores.

Isso mostra como as roupas minimalistas de 20 anos atrás excluíam escancaradamente a maioria dos corpos. Basta ver como eram os corpos dos ícones da moda naquela época: Paris Hilton, Britney Spears, Lindsay Lohan, as irmãs Olsen (em 2004, aos 18 anos, Mary-Kate Olsen chegou a ser internada para tratar anorexia).

Há quem diga que, nos anos 2000, o acessório mais cobiçado da moda era a magreza. Aliando isso às redes sociais e campanhas virais, torna-se algo extremamente perigoso ao estímulo de transtornos alimentares e ao uso de substâncias. Blogs e páginas com informações sobre como emagrecer de forma não exatamente saudável se espalharam pela internet, e colocaram a saúde de uma geração em risco.

Notícia escrita por 1Babado, no dia 08 de agosto de 2022, às 18:40
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