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Anonymous e o Habbo Hotel
Opinião

Na última semana, um homem afro-americano de 46 anos, George Floyd, acabou morrendo após um policial ajoelhar-se sobre o seu pescoço por pelo menos sete minutos. O episódio ocorreu em Minneapolis, Minnesota, e foi gravado por diversas pessoas que passavam pelo local e acompanharam a abordagem. Em pouco tempo os vídeos viralizaram na Internet, despertando uma revolta global contra o racismo e a violência policial. Como forma de protesto, uma multidão de pessoas saiu às ruas e novas manifestações vêm ocorrendo em diversas cidades do Estados Unidos e em outros países.

(Reprodução: BBC Brasil)

Além do apoio popular, a causa ganhou a adesão do grupo Anonymous, uma rede de hackers internacionalmente conhecida pelo ativismo online e invasões de sites governamentais. Desde sua fundação em 2003, o grupo tem se dedicado a revelar arquivos confidenciais e informações sobre governos e práticas criminosas. Por ser uma rede descentralizada, os seus membros não são conhecidos e costumam atuar de forma velada através de mecanismo virtuais protegidos.

Um dos símbolos mais característicos do Anonymous é a máscara com o rosto de Guy Fawkes, um soldado envolvido na “Conspiração da Pólvora" e cuja imagem tornou-se associada como marca de grupos insurgentes e anarquistas. Guy Fawkes também serviu de inspiração para a HQ e o filme “V de Vingança”. Outro símbolo do grupo é a figura de um globo com um homem de terno sem cabeça, indicando exatamente a ausência de líderes e os ideais libertários defendidos pela facção.

Indivíduos usando as máscaras de Guy Fawkes.
(Reprodução: Wikipedia)
 
Símbolo do Anonymous.
(Reprodução: Wikipedia)

Dentre as ações creditadas ao grupo estão a Prisão de Chris Forcand (2007), o Projeto Chanology (2008) e até atividades na Primavera Árabe (2011) e em operações secretas na Malásia, Síria, Egito, Tunísia e outros. Mais recentemente, como resposta ao caso George Floyd, o grupo começou a realizar uma série de vazamentos de dados confidenciais, dentre eles, supostas evidências incriminatórias contra o presidente dos EUA Donald Trump e Jeffrey Epstein em vários casos de pedofilia, estupro e agressão sexual. No Brasil, informações pessoais do presidente Jair Bolsonaro, como número de CPF, endereço e dados sobre imóveis de sua família foram também propalados na rede. O mesmo ocorreu com aliados do presidente Bolsonaro, como os ministros Abraham Weintraub e Damares Alves.

A volta do Anonymous tem causado uma série de discussões nas redes sociais e chegou, até mesmo, ao topo dos assuntos mais comentados no Twitter. Em uma reportagem sobre o assunto, o tabloide peruano La República lembrou que em 2006 o grupo Anonymous invadiu um dos quartos públicos do Habbo Hotel, como forma de protesto após um menino de 2 anos do Alabama ser impedido de frequentar uma piscina porque era portador da AIDS. O episódio que ficou conhecido como “Great Habbo Raid of 06” ou "Pool's Closed" foi marcado por um cordão de usuários com avatares afro bloqueando o acesso a piscina do hotel.

(Reprodução: La Replública)

No início desta tarde, a Pixel Emotion reproduziu a mesma imagem em uma publicação no Twitter, indicando a revitalização do caso na mídia internacional.

Ambos os episódios representam o que existe de mais deplorável nas sociedades contemporâneas. O racismo não só é um atentado a humanidade, como também um dos crimes mais perversos já praticados pela nossa espécie. Foi esse tipo de pensamento retrógrado que alimentou no passado a morte de centenas de milhares de negros tirados de sua terra e subjugados a escravidão. Mais recentemente, a “respeitável sociedade alemã”, para me utilizar de uma expressão da Hannah Arendt, comungou de um projeto similar representado por Hitler, cujo resultado nefasto levou ao extermínio de milhões de judeus em campos de concentração.

Mesmo passados tantos anos, ainda hoje assistimos o desprezo contra os corpos negros e o caso George Floyd é apenas um alerta do que há muito já ocorre diariamente nas favelas e comunidades pobres do Brasil. São pessoas morrendo pelas mãos daqueles que assumem o compromisso de protegê-las. Mais do que nunca precisamos discutir sobre racismo, um racismo institucionalmente colocado, que mata não só pela bala de um fuzil, mas pela segregação simbólica, que dita pela cor da pele, pelo gênero, pela orientação sexual, pela nacionalidade e outras categorias minoritárias, quem pode viver, amar e ser feliz. 

É por isso que nossa luta é mais profunda e demanda uma transformação cultural e política. Nossa luta é por direitos, diretos que garantam não uma igualdade formal, falsa e distorcida, mas efetivamente a superação das desigualdades sociais e materiais, para que um negro, um pobre, um gay, um portador de HIV, uma mulher, um refugiado, todos eles possam ser tratados com dignidade, de ser, de amar, de viver e existir, como qualquer outra pessoa no planeta. 

Todos que comentarem nesta publicação receberão o emblema abaixo.

#BlackLivesMatter
#GeorgeFloydPresente
Notícia escrita por -TheCrown, no dia 02 de junho de 2020, às 22:06
cubo
Quase lá...